O relógio de Sol e a medição do tempo

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Se podemos dizer que o início da medição do espaço está ligado à Geometria no Egito Antigo, a medição do tempo está ligada a outro ramo da Física ainda mais antigo: a Astronomia. A origem da palavra Astronomia também é grega (astro = astro, nomos = lei) e significa lei dos astros. Ao contrário da massa e do espaço, que possuem como unidade de medida padrão e kilograma e o metro, respectivamente, não é possível escolher uma amostra de tempo e tomá-la nas mãos. Por isso, a observação e a descrição do movimento dos astros (Sol, Lua, estrelas e os planetas) foram o ponto de partida para a medição do tempo.

O movimento dos astros é um fenômeno perídico, ou seja, sempre se repete, o que acabou determinando algumas de nossas unidades de tempo. Um desses movimentos é o da Lua ao redor da Terra e as diferentes formas que assume: ela varia de um círculo iluminado por completo, passando por meio círculo até um minúsculo filete levemente iluminado, variações conhecidas como as fases da Lua: cheia, minguante, nova e crescente. O tempo compreendido entre as quatro fases da Lua é de 29,53 dias e o chamamos de mês.


Na imagem acima, o tempo entre duas Luas cheias, por exemplo, é entre 29 e 30 dias, período de tempo que chamamos de mês. Repare que na Lua crescente a parte iluminada forma um C e na Lua minguante a parte iluminada forma um D.

Porém, o astro mais importante para nós é sem dúvida o Sol e ao seu movimento ao redor da Terra estão associadas duas outras unidades de tempo: o dia e o ano. Apesar de hoje sabermos que é a Terra que se move ao redor do Sol, podemos considerarar que, para nós sobre a Terra, é o Sol que se move. Assim, além de considerarmos que o dia é período de tempo que a Terra leva para realizar uma rotação completa ao redor de seu eixo e que o ano é período de tempo que a Terra leva para realizar sua translação ao redor do Sol, podemos também considerar que o dia e o ano como unidades de tempo associadas ao movimento do Sol.

Uma maneira de entendermos os movimentos do Sol ao redor da Terra é através da esfera celeste: podemos considerar que a Terra está no centro de uma esfera ao redor da qual o Sol se movimenta com as as estrelas ao fundo. Essa representação dos movimentos do Sol ao redor da Terra é uma simplificação que leva em consideração, por exemplo, que a distância entre todas as estrelas e a Terra é a mesma, o que não acontece; como dissemos, essa representação também leva em consideração que é o Sol que se movimenta ao redor da Terra, e não a Terra que se movimenta ao redor do Sol, como sabemos que acontece hoje.

Assim, na esfera celeste, temos a Terra no centro de uma esfera com as estrelas e o Sol sobre lea. Porque a posição relativa das estrelas não muda ao longo dos dias, dizemos que as estrelas estão fixas sobre a esfera celeste, com o Sol se movimentando sobre as estrelas fixas, como mostram as imagens abaixo.

Na imagem à esquerda, a esfera celeste com a Terra ao centro; o Sol se movimenta sobre a esfera celeste ao longo da eclíptica. Assim, se considermos a Terra parada no centro da esfera celesta, o primeiro movimento que o Sol faz é de uma volta ao redor da Terra sobre a eclíptica; esse movimento corresponde ao dia. o Segundo movimento, que corresponde ao ano, diz respeito ao fato do Sol não retornar depois de um dia exatamente sobre o ponto de onde partiu: nessa imagem se o Sol partir do ponto A, depois de um dia encontrar-se-á no ponto ponto B. Ou seja, o ano correspondo ao período de tempo que o Sol leva para sair do ponto A e voltar a esse mesmo ponto sobre a eclíptica. Em outras palavras, podemos dizer que se o Sol sair do ponto A, depois de um dia estará no ponto B e voltará ao ponto A depois de um ano. A cada dia, o Sol se desloca cerca 1º sobre a eclíptica, dando uma volta completa (36Oº) sobre a eclíptica em um ano (cerca de 365 dias).

À direita acima, a mesma esfera celeste agora preenchida com estrelas. Sobre a esfera celeste estão as estrelas fixas agrupadas em constelações. Ao todo, hoje são conhecidas 88 constelações, sendo que ao longo de um ano o Sol se encontra sobre 13 dessas constelações, conhecidas como constelações do zodíaco, como mostra a imagem abaixo.


A imagem acima mostra as 13 constelações da esfera celeste sobre as quais o Sol passa ao longo de uma ano: capricórnio, aquário, peixe, áries, touro, gêmeos, câncer, leão, virgem, libra, escorpião, ofiúco e sagitário. Se logo depois de se pôr, a posição do Sol for marcada sobre a esfera celeste entre os meses de Abril e Maio, veremos um desenho como o de baixo, quando o Sol passa pelas constelações de Áries e Touro.


Como dissemos, o Sol é sem dúvida o astro mais importante para a Terra porque nos deu duas das unidades mais importantes de tempo, o ano e o dia, mas também porque sua posição ao longo da eclíptica sobre a esfera celeste determina o clima na Terra. Não é à toa que o o dia claro é mais quente que a noite e que um ano é o período de tempo que compreende épocas de calor, frio e temperaturas intermediárias, secas e enchentes dos rios, em que se notava que as estrelas vistas no Inverno eram diferentes das do Verão, tudo relacionado às estações do ano.

Uma maneira muito simples de se medir o tempo e se estabelecer as estações do ano é usando o gnômon, palavra de origem grega que significa relógio solar; vejam as figuras abaixo.  


Os relógios de Sol podem apresentar os mais diversos formatos e tamanhos, mas funcionam todos de uma única maneira: medem o tempo segundo a sombra que fazem sobre onde estão indicadas as horas. A imagem abaixo mostra isso com detalhes.


Como mostra a imagem acima, o relógio de Sol mais simples é uma haste apoiado no chão e, na medida em que o Sol se movimenta, a sombra dessa haste muda de tamanho e posição. Na imagem acima, logo depois do Sol nascer - ponto G -, a sombra do relógio de Sol é a maior possível e encontra-se no ponto A; ao meio-dia, o Sol está mais alto sobre a Terra e a sombra é a menor possível - ponto D -; finalmente, o Sol se põe - ponto A - e a sombra volta a ser a maior possível - ponto G.

Porém, a sombra do relógio de Sol não muda apenas ao longo de um dia, muda ao longo de um ano; veja a imagem abaixo.


É interessante observar, como mostra a imagem acima, que ao longo do ano o Sol não nasce ou se põe no mesmo lugar. Ele nasce exatamente a leste e se põe exatamente a oeste somente nos equinócios da primavera (aproximadamente em 21 de Março no Hemisfério Sul) e do outono (aproximadamente em 21 de Setembro no Hemisfério Sul), quando a duração do dia claro é igual a da noite.  

Pores do Sol sobre o rio Guaíba, em Porto Alegre, em diferentes épocas do ano. As fotos foram retiradas da excelente página de Astronomia http://astro.if.ufrgs.br.
  
No Solstício de Verão, o caminho do Sol no céu é o maior do ano e, consequentemente, o dia claro é o maior do ano; ao contrário, no Solstício de Inverno, o dia claro é o menor do ano. Isso também pode ser percebido da penúltima imagem: porque o Sol no Solstício de Verão está mais alto no céu, passa um tempo maior sobre a Terra, o que acontece no hemisfério sul próximos ao dia 21 de Dezembro, enquanto no Solstício de Inverno o Sol está mais baixo e passa menos tempo iluminando e aquecendo a Terra, o que acontece, o que acontece no hemisfério sul próximo ao dia 21 de Junho. Se as sombras do relógio de Sol forem vistas de cima, encontraremos um padrão segundo a imagem abaixo nos Solstícios e nos Equinócios.


Como falamos, a posição do Sol ao longo da eclíptica sobre a esfera celeste determina o clima na Terra e não é à toa que as datas dos solstícios e dos equinócios coincidam com os inícios das estações do ano. A imagem abaixo do relógio de Sol mostra a variação de sua sombra ao meio-dia ao longo de um ano.

Na imagem acima, porque o Sol do Verão é o mais alto no céu, a sombra ao meio-dia no Solstício de Verão será a menor possível (AP), enquanto a sombra no soltício de Inverno será a maior possível (CP), pois o Sol está mais baixo. Nos equinócios, o tamanho da a sombra do relógio de Sol é intermediário entre as sombras nos solstícios (BP). Assim, as sombras do relógio de sol ao meio dia também podem nos informar a época do ano: o Verão se inicia com a sombra no ponta A no Solstício de Verão (aproximadamente 21 de Dezembro) e termina com a sobra no ponto B durante o equinócio de Outono (aproximadamente 21 de Março) ; o Outono se inicia no Equinócio de Outono com a sobra no ponto B e termina com a sombra com o maior tamanho possivel no ponto C durante o Solstício de Inverno. ...

no outono, as sobras se encontram entre os pontos B e Co verão se inicia no solstício de Verão e

as estações

a inclinação do sol no verao e no inverno

o relogio de sol da usp




O homem e o frio

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O corpo humano possui uma série de meios para se proteger contra o frio. Um deles é a gordura marrom, "ligado à regulação da temperatura e abundante em recém-nascidos". Além disso, o corpo humano possui gordura branca, "cuja função é acumular energia no corpo e está mais presente em adultos".

Amostras de gorduras marrom e branca. 

Recentemente, a Agência FAPESP (http://agencia.fapesp.br/14453) noticiou um estudo que mostra que a atividade física pode estimular a transformação de gordura branca em marrom, levando à diminuição da obesidade.

Porém, a gordura marrom não é a única responsável pelo controle de temperatura nos seres humanos. Como sabemos, o corpo humano mantém sua temperatura constante em aproximadamente 37 °C independente do ambiente onde se encontra, mecanismo conhecido por homeotermia. Para isso, o corpo humano produz a mesma quantidade de calor que perde para o ambiente, produção de calor que se dá através da respiração celular. Quando o corpo humano perde mais calor do que produz, sua temperatura diminui podendo chegar ao estado de hipotermia abaixo dos 35 ºC. Assim, a capacidade do corpo humano produzir calor é outro fator que o protege do frio.

Essa capacidade de produzir calor através da respiração celular varia de uma pessoa para outra, o que leva, entre outras razões, as pessoas sentirem mais ou menos frio. Um caso excepcional de produção de calor é o do holandês Wim Hof, conhecido como o "homem de gelo".


Seu caso foi contado num programa do Discovery Channel, Os Super-humanos (http://discoverybrasil.uol.com.br/ossuperhumanos/index.shtml). O programa também apresenta outros "super-humanos", como o alemão conhecido como a "calculadora humana"; o programa na íntegra pode ser assistido abaixo.


A atração de Win Hof pelo frio começou quando tinha 7 anos de idade e quase congelou indo para a escola. Essa atração aumentou aos 17 anos de idade, quando inexplicavelmente saiu correndo descalço na neve e teve seu pé queimado. A queimadura de frio nada mais é do que o congelamento da água, tanto das células quanto do sangue, provocando lesões que condicionam perda de sensibilidade e de cor nas zonas afetadas.

Segundo o pragrama, Win Hof consegue controlar a produção de calor de seu corpo, gerando calor e mantendo sua temperatura estável nas mais severas condições. Além disso, ele talvez tenha genes que permitam que se aclimate de tal maneira que não sinta tanta dor ao frio quanto a outras pessoas. Como mostra a imagem abaixo, ele possui pouca gordura corporal e, mesmo assim, consegue suportar temperaturas baixíssimas por muito tempo.


Por causa dessa capacidade, ele conseguiu feitos incríveis: teve seu corpo imerso em gelo por uma hora e dez minutos, coisa nuca realizada antes, e percorreu 57,5 m sob o gelo, com a água a temperatura de 4 ºC, sem oxigênio e usando apenas óculos de natação e shorts, batendo o recorde mundial.


Mas mais do que a vontade de superar desafios, o frio para Hof se tornou um necessidade, inclusive terapêutica: ele conta que seus problemas desaparecem quando exposto ao frio. Por isso, ele tem o costume de passar algum tempo numa câmera frigorífica a - 20 °C.


O programa, por fim, apresenta o maior desafio de Hof: percorrer meia maratona (21 km) descalço sobre o gelo. Para realizar esse desafio, um médico antes realiza uma série de exames para se certificar que ele conseguirá superá-lo. Num desses exames, Hof tem seus sinais vitais monitorados enquanto mergulha em água congelante a 8 ºC até sua temperatura chegar a 36,5 ºC – risco de hipotermia para qualquer ser humano normal. 


Quando uma pessoa normal mergulha em água a 8ºC, a primeira reação que tem é de uma dor tão intensa, fazendo-a sair da água depois de no máximo 5 minutos. Porém, nada disso aconteceu com Hof. Depois de um minuto e meio, seu batimento cardíaco caiu a 51 batidas por minutos, o que é muito baixo; ao contrário, muitas pessoas ficam ofegantes em água gelada. Ele apenas sente um pouco de frio e formigamento no ombro, mas não dor.

Depois de 7 minutos, uma pessoa normal estaria sentindo tanta dor que desmaiaria. Já Hof produziu calor a ponto de aumentar sua temperatura: quando entrou na água, estava a 36,9 ºC, alcançando 37,2 ºC depois de 7 minutos. Depois de 15 minutos, muitas pessoas estariam tremendo violentamente, com dificuldades para pensar e sem conseguir falar. Depois de 25 minutos, uma pessoa normal estaria inconsciente, ou mesmo morta. Mas ele ainda não sentiu dor alguma, ou dormência, apenas o formigamento continua e começa a tremer. Nesse ponto, sua temperatura atingiu 36,5ºC e o médico decidiu tirá-lo da piscina.

O médico, então, conclui que o Hof está preparado para meia maratona. O desafio é tal que, depois de 10 minutos correndo na neve, uma pessoa normal não conseguiria suportar a dor em seus pés; em 20 minutos, não conseguiria ficar em pé e depois de 1 hora uma pessoa normal ficaria inconsciente. Mas hof não é uma pessoa normal.

Durante toda a corrida, a temperatura ambiente estava cerca de - 20 ºC e uma médica o acompanhou todo o tempo. Só depois de 1 hora correndo as extremidades de Win começaram a ficar sem circulação, seu pé esquerdo começou a ficar dormente e ele quase não o sentia. A médica se preocupou enormemente com o estado de seu pé, temendo ter que amputá-lo. Durante a parada, ele esquentou pé com o rosto.


Apesar disso, ele decide continuar e termina a corrida depois de um pouco mais de 2 horas.


Felizmente, ele sofreu apenas graves queimaduras e bolhas nos pés e não teve que amputar seus dedos. A médica estima que tenha ficado entre 45 minutos e 1 hora sem circulação de sangue nos pés. Ela não conseguiu explicar isso, mas parece que ele usou sua habilidade em produzir calor para dar novamente vida aos seus pés.

Depois de três horas do final da corrida, o pé esquerdo de Hof está preto, revelando que praticamente não há circulação de sangue. Apesar da seriedade da queimadura, ele consegue se recuperar.

Recuperando-se da meia maratona, Hof já pensa em seu próximo desafio: o Monte Everest. 

A cor do som

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A natureza nos deu dois ouvidos e apenas uma boca para que ouvíssemos mais e falássemos menos.

Quem fala o que quer, ouve o que não quer.

Falar é de prata, calar é de ouro.

O pior surdo é aquele que não quer ouvir.

Quem fala demais dá bom dia aos cavalos.

O homem comum fala, o sábio escuta, o tolo discute.

Todo mundo já ouviu pelo menos um dos ditados acima. Todos eles também mostram que o homem e a mulher falam e ouvem, coisas que dizem respeito, respectivamente, à fonação e à audição.

Fonação - A voz é o efeito da corrente de ar que vem dos pulmões através da laringe e da boca, acompanhada de vibrações das cordas vocais, que são pregas situadas ao longo das paredes laterais da laringe.



Porém, apesar de todo mundo falar porque o ar dos pulmões movimenta as cordas vocais, cada pessoa tem um timbre de voz característico. As duas principais diferenças entre as vozes humanas dizem respeito àquelas pessoas que falam alto ou baixo, forte ou fraco, diferenças associadas à freqüência e à intensidade da voz humana, respectivamente.

Assim, dizemos que as vozes masculinas e femininas são diferentes por causa principalmente da freqüência: os homens falam mais baixo que as mulheres, ou seja, as freqüências das vozes masculinas são menores que as femininas, o que faz os homens terem vozes mais graves e as mulheres vozes mais agudas.

Uma análise do espectro de freqüências dos sons produzidos por um homem mostra que a freqüência fundamental típica é de cerca de 125 Hz, enquanto a freqüência fundamental típica para mulheres é da ordem de 250 Hz. Isso acontece porque, em geral, as cordas vocais do homem são mais compridas e possuem maior massa que as da mulher. 

A faixa de freqüência da voz humana pode ser vista na tabela abaixo, sendo que o baixo, o barítono e o tenor são faixas de canto características de homens, enquanto as mulheres cantam em contraponto ou soprano.
  

Voz humana
Freqüência (Hz)
Baixo
80 - 365
Barítono
100 - 450
Tenor
140 - 540
Contraponto
180 - 730
Soprano
270 - 1.230

Exemplo de uma cantora soprano
Exemplo de um cantor baixo

A voz humana, sem dúvida, consegue fazer coisas incríveis, como a cantora Badi Assad mostra abaixo.


Audição - ...

Instrumentos musicais - ...